Quando Looking foi anunciada a primeira coisa que me veio em mente foi termos em mãos uma segunda versão de Queer As Folk, onde um festival
de erotismo e uma visão completamente estereotipada do mundo Gay era
apresentada e que ofuscava qualquer mérito da série (que mesmo eu não gostando
dela como um todo, reconheço bem que ela os tem).
E com um sorriso no rosto eu sai dos deliciosos 30 minutos
de Looking, que fez valer a marca HBO que ela leva e foi o principal fator de
minha esperança na série não morrer.
Ainda que todo o sexo e foco nele esteja lá, Looking mostra
como a vida de um gay hoje em dia é. Com detalhes que sem dúvidas qualquer um
que tenha visto o episódio se viu pensando ‘ei, eu já tive uma situação idêntica
a essa’ numa ou outra cena. Seja a insegurança atemporal e independente da sua
orientação que qualquer um passa quando está numa serie de fracassos de
encontros amorosos, a atual superficialidade de stalkear alguém e criar todo um
julgamento pra ver se vale a pena um investimento na pessoa (esse ponto também ultrapassando
voce ser gay ou hétero) ou a vida comumente mais rodeada de desejo e sexo que é
o mundo gay. E fica nesse última parte o grande trunfo de Looking.
Dois homens acabam por levar uma constante sexual mais
evidente do que um casal hetero? Sim. Mas nem por isso nossas vidas são
baseadas nisso. Existe o sexo, mas está longe de ser o mais importante de tudo.
Há as inseguranças, os medos de rejeição, o dia-a-dia do trabalho, as possíveis
fusões de trabalho e sexo. E o retrato leve e orgânico que a série conseguiu
adotar sobre o que poderia ser a sua maior brecha impediu do programa virar só
mais um pornô gay que não mostra as genitálias dos envolvidos, bem estilo
multishow.
No primeiro encontro com Looking ela se mostrou humana. Com
desejos sexuais como uma piranha e incertezas sinceras como um gay ainda se
encontrando no mundo.
Não vejo a hora de um second date.